sábado, 23 de maio de 2009


Estou lendo o volume II. Não fico sem ler. É só uma pequena mania que estou sempre mudando.
Namastê.

Ego

Ouvi contar:
Mulla Nasrudin e sua esposa estavam saindo de uma festa, e Mulla disse: "Querida, alguma vez alguém já lhe disse que você é fascinante, linda, maravilhosa?"
Sua esposa sentiu-se muito, muito bem, ficou muito feliz. Ela disse: "Eu me pergunto por que ninguém jamais me disse isso."
Nasrudin disse: "Mas então de onde você tirou essa idéia?"
Você obtém dos outros a idéia de quem você é.
Não é uma experiência direta.
É dos outros que você obtém a idéia de quem você é. Eles modelam o seu centro. Esse centro é falso, porque você contém o seu centro verdadeiro.
Este, não é da conta de ninguém.
Ninguém o modela, você vem com ele. Você nasce com ele.
Assim, você tem dois centros. Um centro com o qual você vem, que lhe é dado pela própria existência. Este é o eu. E o outro centro, que lhe é dado pela sociedade - o ego. Ele é algo falso - e é um grande truque. Através do ego a sociedade está controlando você. Você tem que se comportar de uma certa maneira, porque somente então a sociedade o aprecia.
Você tem que caminhar de uma certa maneira: você tem que rir de uma certa maneira; você tem que seguir determinadas condutas, uma moralidade, um código. Somente então a sociedade o apreciará, e se ela não o fizer, o seu ego ficará abalado. E quando o ego fica abalado, você já não sabe onde está, quem você é.
Os outros deram-lhe a idéia.
Essa idéia é o ego.
Tente entendê-lo o mais profundamente possível, porque ele tem que ser jogado fora. E a menos que você o jogue fora, nunca será capaz de alcançar o eu. Por estar viciado no centro, você não pode se mover, e você não pode olhar para o eu.
E lembre-se, vai haver um período intermediário, um intervalo, quando o ego estará despedaçado, quando você não saberá quem você é, quando você não saberá para onde está indo, quando todos os limites se dissolverão.
Você estará simplesmente confuso, um caos.
Devido a esse caos, você tem medo de perder o ego. Mas tem que ser assim. Temos que passar através do caos antes de atingir o centro verdadeiro.
E se você for ousado, o período será curto.
Se você for medroso e novamente cair no ego, e novamente começar a ajeitá-lo, então, o período pode ser muito, muito longo; muitas vidas podem ser desperdiçadas.
Ouvi dizer:
Uma criancinha estava visitando seus avós. Ela tinha apenas quatro anos de idade. De noite, quando a avó a estava fazendo dormir, ela de repente começou a chorar e a gritar: "Eu quero ir para casa. Estou com medo do escuro."
Mas a avó disse: "Eu sei muito bem que em sua casa você também dorme no escuro; eu nunca vi a luz acesa: Então por que você está com medo aqui?"
O menino disse: "Sim, é verdade - mas aquela é a minha escuridão. Esta escuridão é completamente desconhecida."
Até mesmo com a escuridão você sente: "Esta é minha."
Do lado de fora - uma escuridão desconhecida.
Com o ego você sente: "Esta é a minha escuridão."
Pode ser problemática, pode criar muitos tormentos, mas ainda assim, é minha. Alguma coisa em que se segurar, alguma coisa em que se agarrar, alguma coisa sob os pés; você não está em um vácuo, não está em um vazio. Você pode ser infeliz, mas pelo menos você é.
Até mesmo o ser infeliz lhe dá ma sensação de "eu sou". Afastando-se disso, o medo toma conta; você começa a sentir medo da escuridão desconhecida e do caos - porque a sociedade conseguiu clarear uma pequena parte do seu ser...
É o mesmo que penetrar em uma floresta. Você faz uma pequena clareira, você limpa um pedaço de terra, você faz um cercado, você faz uma pequena cabana; você faz um pequeno jardim, um gramado, e você sente-se bem. Além de sua cerca - a floresta, a selva. Aqui tudo está bem; você planejou tudo. Foi assim que aconteceu.
A sociedade abriu uma pequena clareira em sua consciência. Ela limpou apenas uma pequena parte completamente e cercou-a. Tudo está bem ali.
Todas as suas universidades estão fazendo isso. Toda a cultura e todo o condicionamento visam apenas limpar uma parte, para que você possa se sentir em casa ali.
E então você passa a sentir medo.
Além da cerca existe perigo.
Além da cerca você é, tal como dentro da cerca você é - e sua mente consciente é apenas uma parte, um décimo de todo o seu ser. Nove décimos estão aguardando no escuro. E dentro desses nove décimos, em algum lugar, o seu centro verdadeiro está oculto .
Precisamos ser ousados, corajosos.
Precisamos dar um passo para o desconhecido.
Por um certo tempo, todos os limites ficarão perdidos.
Por um certo tempo, você vai sentir-se atordoado.
Por um certo tempo, você vai sentir-se muito amedrontado e abalado, como se tivesse havido um terremoto.
Mas se você for corajoso e não voltar para trás, se você não voltar a cair no ego, mas for sempre em frente, existe um centro oculto dentro de você, um centro que você tem carregado por muitas vidas.
Esta é a sua alma, o eu.
Uma vez que você se aproxime dele, tudo muda, tudo volta a se assentar novamente. Mas agora esse assentamento não é feito pela sociedade. Agora, tudo se torna um cosmos e não um caos; nasce uma nova ordem.
Mas esta não é a ordem da sociedade - é a própria ordem da existência.
É o que Buda chama de Dhamma, Lao Tzu chama de Tao, Heráclito chama de Logos. Não é feita pelo homem. É a própria ordem da existência. Então, de repente tudo volta a ficar belo, e pela primeira vez, realmente belo, porque as coisas feitas pelo homem não podem ser belas.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Somos as Flores


E todas as flores, da menor flor do mato até o maior dos lótus, de repente todas elas entram numa sinfonia. Elas esquecem suas diferenças; de que existem flores pobres e ricas, de que existe o proletariado e a burguesia; de repente todas as classes desaparecem. E no seu florescer, na sua abertura, elas liberam aquilo que elas possuem.
Elas dão de volta à existência, como um presente, tudo o que a existência lhes deu. Elas nada mantêm, elas nada acumulam. Elas devolvem milhares de dobras, elas multiplicam, porque aquilo que aparentemente não estava na semente, não estava nas raízes, não estava na árvore nem nos seus ramos e em suas folhas... de repente, desabrochou em forma de flor: todas as cores, todas as fragrâncias. Mas, por toda a noite escura, elas esperaram pelo nascer do sol.
A presença do sol, subitamente se faz refletida por milhões de jeitos e cria uma rede de luz, de vida, alegria, abundância, êxtase transbordante. Isto é o que um Buddhafield significa para mim.

Flowering-Osho Zen Tarot


Um homem tornando-se acordado significa que o sol nasceu. É a declaração que a noite escura da alma chegou ao fim.
Mas isto somente é possível se existirem milhões de pessoas espalhadas por toda a terra para criarem uma conexão. Com esta rede de energia, nós poderemos ser capazes de transformar muitas pessoas que nem têm a idéia, que nunca sonharam que existe algo muito além de uma vida mundana.
Então você está certo, só por estar trabalhando juntos, criando uma comuna, produzindo recursos para mantê-la, não é o suficiente. Isto nada tem a ver com o Buddhafield. Vendo o fato de que nas comunas vocês ficam enrolados com tantas coisas desnecessárias, com a possibilidade de se esquecerem porque em primeiro lugar vocês se reuniram ali...Eu agora não quero grandes comunas, mas pequenos grupos, mais íntimos, ou indivíduos fazendo seus trabalhos normais no mundo. Isso lhes toma apenas seis horas, cinco dias na semana, e lhes deixa um tempo imenso e muita energia para se tornar parte de uma grande experiência de êxtase.
Eu percebi que na comuna isto era difícil, porque vocês estavam tentando criar uma sociedade alternativa, o que leva muito tempo e consome muita energia. As pessoas estavam trabalhando doze, quatorze horas por dia e ficavam sem energia. Mesmo se o sol nascesse, o pássaro não tinha energia para cantar. O sol nascia, mas a rosa não tinha energia para abrir suas pétalas e liberar a sua fragrância.
E porque vocês estão criando uma sociedade alternativa, o mundo comum vai ficar antagônico a vocês. Vocês são estranhos e estão tentando algo proibido pelas suas tradições e experiências. E eles são a maioria, eles têm o governo em suas mãos, eles têm as leis em suas mãos. Assim, criar comunas toma o seu tempo e a sua energia, e ainda têm que brigar com a sociedade, que é muito maior que vocês; e isto também consome suas energias.
Eu estava pensando que a humanidade havia progredido desde o tempo de Sócrates, mas eu estava errado. Ela ainda está onde estava, não houve nenhum progresso. A civilização ainda não aconteceu, a cultura ainda é um sonho e a democracia é uma utopia distante.
Assim, onde você entrar em conflito, você verá o bárbaro, o primitivo, o animalesco surgindo para destruí-lo. E naturalmente você não consegue sobreviver na luta contra as grandes massas e as pessoas cegas. (...)
A humanidade não é capaz de aceitar o estranho. Ela não é vasta o bastante para absorver o novo, o desconhecido, aquilo que ainda não foi experienciado. Ela se torna irritada, ela se incomoda. Ela quer destruir os seus olhos, porque ela é cega e seus olhos fazem-na lembrar de sua cegueira.
Vendo a situação, eu dissolvi as comunas. Eu confio bastante no indivíduo. Por esse caminho eu posso espalhar a minha mensagem longe e amplamente. Por isto eu permiti que vocês não usassem mais a cor vermelha, não usassem o mala, para que as pessoas cegas não se sintam incomodadas por vocês... Porque eu quero proteger os seus olhos. E eles são muito vulneráveis, pois vocês estão na situação de uma criança e um simples inseto pode destruir seus olhos. E essas pessoas não são insetos, elas são monstros.
O Budhafield expandiu sua área, mas sua estratégia mudou. Agora eu dependerei dos indivíduos, e estes podem se movimentar ao redor do mundo, aos cantos mais distantes, e ainda assim haverá um elo conectando comigo. Onde houver um sannyasin meu, eu estarei lá. Ele será o meu espelho, ele refletirá a mim e a minha luz. Ele transmitirá a minha energia e a minha compreensão.
Você está certo: só por estar juntos e trabalhando pesado, dirigindo uma disco, fazendo dinheiro e todo tipo de coisas não parece ser suficiente. Não é suficiente. E não apenas isto, é puro desgaste.

Onde houver um sannyasin, eu estarei lá



Primeira pergunta:

Querido Osho,
O que é um Buddhafield? Só por estarmos vivendo juntos, cuidando dos negócios, não parece ser o suficiente. Não satisfaz. Parece que é preciso algo mais profundo, algo mais desafiador para o coletivo e para o indivíduo, no qual ambos cresçam.

“Um Buddhafield (campo de energia búdica) é um dos fenômenos mais misteriosos na existência. Ele simplesmente significa que onde alguém se torna acordado, a sua consciência irradia uma certa aura ao redor. Qualquer um que esteja receptivo, disponível, poderá ser transformado pela energia que irradia de um ser acordado. A própria presença da pessoa acordada poderá golpeá-lo tão profundamente que a sua energia adormecida começa a se despertar.
Isto tem sido descrito como uma serpente dormindo que está sendo desperta. Ela estava deitada enrolada, parecendo quase morta, e quando provocada, ela se desenrola. Por causa da similaridade do fenômeno, no Oriente a energia que se desenrola na presença de uma pessoa acordada é chamada kundalini. Kundalini quer dizer o poder da serpente.
O Buddhafield pode se tornar uma rede. Nas mãos de um mestre habilidoso, ele não precisa estar confinado a uma pequena área. Por isto, eu dei início às comunas. É como se você colocasse um espelho diante de uma luz. O espelho não tem como produzir a luz, mas ele pode refleti-la. Uma simples luz cercada por milhares de espelhos pode criar uma imensa quantidade de luz. (...)
Um Buda pode atrair milhares de buscadores ao seu redor. Eles não estão acordados, mas eles anseiam pelo despertar. Eles ainda não alcançaram o objetivo, mas eles estão muito receptivos, abertos, disponíveis. Na presença do mestre eles podem, pelo menos, funcionar muito facilmente como espelhos; então um Buda se torna milhões de budas.
Eu fiz as comunas de modo que cinco mil pessoas pudessem viver juntas e aprender a refletir-me. Não a imitar-me, lembre-se. Estas são coisas totalmente diferentes. Um espelho nunca o imita, ele simplesmente reflete você.
Agora eu dissolvi as comunas, porque eu quero que todo o mundo seja a minha comuna.
Onde houver um sannyasin, ele terá que ser um espelho. Tempo e espaço não fazem diferença alguma. Se ele estiver disponível para mim, ele estará tão próximo de mim como vocês aqui. E dos cantos mais longínquos da terra, ele poderá refletir-me.
E agora eu tenho milhões de sannyasins por todo o mundo. Eu retirei todas as condições que impediam as pessoas de se tornarem sannyasins. Esses milhões de sannyasins vão criar uma rede de energia envolvendo toda a terra.
Apenas um sol nasce de manhã, mas ele é refletido por todos os oceanos, todos os lagos, todos os rios e todos os açudes. Pequenos açudes refletem o mesmo sol que o maior dos oceanos. Apenas um sol nasce e milhões de lugares começam a refleti-lo. E não são apenas os oceanos, os lagos, os rios e os açudes – existem outros reflexos também, que são mais sutis.
Mesmo antes que o sol apareça no horizonte, os pássaros de repente começam a cantar. Eles estão despertos, algo aconteceu com eles, algo tremendamente lindo; senão, de onde teria surgido o seu canto? E eles estão tão cheios de vida! As flores abrem suas pétalas... isto também é reflexo. Elas não têm qualquer obrigação de abrir; elas poderiam permanecer sendo botões. Os pássaros não têm qualquer obrigação; eles poderiam decidir não cantar. Mas acontece alguma coisa irresistível que está alem de seus controles...
Quando o sol está nascendo, alguma coisa também está nascendo dentro deles: a energia de vida deles, a kundalini deles. É claro que um pássaro não consegue tornar-se um Buda, mas, pelo menos, ele pode cantar, dançar, voar no céu por pura alegria, abrindo suas asas como uma indicação de liberdade, de vitalidade. Ele pode proclamar que o céu inteiro é seu.

Ego


Eles estão interessados na sociedade.
A sociedade está interessada nela mesma, e é assim que deveria ser. Elas não estão interessados no fato de que você deveria se tornar um conhecedor de si mesmo. Interessa-lhes que você se torne uma peça eficiente no mecanismo da sociedade. Você deveria ajustar-se ao padrão.
Assim, estão tentando dar-lhe um ego que se ajuste à sociedade.
Ensinam-lhe a moralidade. Moralidade significa dar-lhe um ego que se ajustará à sociedade. Se você for imoral, você será sempre um desajustado em um lugar ou outro.
É por isso que colocamos os criminosos nas prisões - não que eles tenham feito alguma coisa errada, não que ao colocá-los nas prisões iremos melhorá-los, não. Eles simplesmente não se ajustam. Eles criam problemas. Eles têm certos tipos de egos que a sociedade não aprova. Se a sociedade aprova, tudo está bem.
Um homem mata alguém - ele é um assassino.
E o mesmo homem , durante a guerra, mata milhares - e torna-se um grande herói. A sociedade não está preocupada com o homicídio, mas o homicídio deveria ser praticado para a sociedade - então tudo está bem. A sociedade não se preocupa com moralidade.
Moralidade significa simplesmente que você deve se ajustar à sociedade.
Se a sociedade estiver em guerra, a moralidade muda.
Se a sociedade estiver em paz, existe uma moralidade diferente.
A moralidade é uma política social. É diplomacia. E toda criança deve ser educada de tal forma que ela se ajuste à sociedade; e isso é tudo, porque a sociedade está interessada em membros eficientes .
A sociedade não está interessada no fato de que você deveria chegar ao auto-conhecimento.
A sociedade cria um ego porque o ego pode ser controlado e manipulado. O eu nunca pode ser controlado e manipulado. Nunca se ouviu dizer que a sociedade estivesse controlando o eu - não é possível.
E a criança necessita de um centro; a criança está absolutamente inconsciente de seu próprio centro. A sociedade lhe dá um centro e a criança pouco a pouco fica convencida de que este é o seu centro, o ego dado pela sociedade.
Uma criança volta para casa - se ela foi o primeiro aluno de sua classe, a família inteira fica feliz. Você a abraça e a beija, e você coloca a criança no colo e começa a dançar e diz: "Que linda criança! Você é um motivo de orgulho para nós." Você está dando um ego a ela. Um ego sutil. E se a criança chega em casa abatida, fracassada, um fiasco - ela não pode passar, ou ela tirou o último lugar - então ninguém a aprecia e a criança sente-se rejeitada. Ela tentará com mais afinco na próxima vez, porque o centro se sente abalado.
O ego está sempre abalado, sempre à procura de alimento, de alguém que o aprecie. É por isso que você está continuamente pedindo atenção.

Filme


Ang Lee faz retrato leve e colorido dos hippies em "Taking Woodstock"THIAGO STIVALETTI
Colaboração para o UOL, de Cannes
Não tem pra Wolverine. O maior mutante do cinema mundial é taiuanês e se chama Ang Lee. Como um mesmo cineasta pode fazer obras tão diferentes quanto o blockbuster "Hulk", o drama gay "O Segredo de Brokeback Mountain" e o romance de espionagem (sem melodrama e falado em mandarim) "Desejo e Perigo"?
Pois Lee conseguiu mais uma vez, e entrega um filme totalmente diferente dos anteriores em "Taking Woodstock", exibido nesta sexta no Festival de Cannes.

quarta-feira, 13 de maio de 2009